O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 15 de outubro de 2011



E é o mar que traz o futuro momento
Em que a onda se desfaz onde outra enrola o vento
Chega ao eco contínuo do presente, esse som
bebido na babugem do instante.
Frente ao mar, dando às costas da areia
o pensamento infante, sopra o tempo.

O olhar é um ciclo bretão ou um cantar de amigo
Um líquido sussurro, uma doce maresia,
Sobe aos olhos a flor, essa forma do vento:
Espuma e sal, pele e astros a arder,
Tenra raiz do tempo.
Verde como o pinhal, alta como fogueira,
Erguida em chão, a terra fumegante de mar,
Enfim clareia.

por nenhumnome

10 comentários:

Anónimo disse...

Permite-me a legenda da imagem, Rui:


E é o mar que traz o futuro momento
Em que a onda se desfaz onde outra enrola o vento
Chega ao eco contínuo do presente, esse som
bebido na babugem do instante.
Frente ao mar, dando às costas da areia
o pensamento infante, sopra o tempo.

O olhar é um ciclo bretão ou um cantar de amigo
Um líquido sussurro, uma doce maresia,
Sobe aos olhos a flor, essa forma do vento:
Espuma e sal, pele e astros a arder,
Tenra raiz do tempo.
Verde como o pinhal, alta como fogueira,
Erguida em chão, a terra fumegante de mar,
Enfim clareia.

Abraço, "destes braços"!

rmf disse...

muito grato,

fiz questão de colocar junto à fotografia as gratas também palavras que tão bem a dizem.

um abraço!

ps - assinei 'nn', rectifico agora, nenhumnome, para 'nenhumnome'. saúde!

Anónimo disse...

Um beijinho, Rui e um :)

Mais uma bela fotografia com a qualidade a que nos habituaste. Parabéns, Amigo!

P.S. Não me importo com os nomes. Semnome, nenhumnome ou mesmo à Saramago, "todososnomes"...:))))

rmf disse...

Ah, "ia a esquecê-lo", como Beckett, de dizer, como na mais fraterna gíria da partilha, "levei"-o, adsorvido à superfície da imagem, toda a palavra, em um poema; para onde mais tarde "recordar"-lo.

Obrigado amigo, amiga.

Muito grato

João de Castro Nunes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João de Castro Nunes disse...

Acaso já clareou... de todo? Já será dia? JCN

Isabel Metello disse...

Gostei muito, até porque é no Mar e no Verbo que está o Princípio e o fim, que talbez seja outro início, num ciclo interminável :)

JCN, dia é quando um homem/mulher quiser- é, mais ou menos como o Natal, que tb está associado à Iluminação, que não das decorações da mesma época penduradas pelas Câmaras e Juntas de Freguesia :)))

Bom fim-de-semana a todos com a Maresia no olhar :)

Isabel Metello disse...

erro da pata :) talvez (é que tenho umas primas e um amigo com sotaque do Norte :)

João de Castro Nunes disse...

Sempre que a gente quiser,
mesmo de noite, Senhora,
pode ser dia, qualquer
que de facto seja a hora!

JCN

Isabel Metello disse...

Touché!