O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 25 de dezembro de 2010

ENGANO (Poema lido por João Lourenço no lançamento do livro 'Paladar da Loucura'

Comprei o Inverno no alfarrabista a um tipo que vendeu terrenos na lua
Devia ter desconfiado quando contou que adorava perseguir carros
À excepção dos coreanos,
A não ser que sejam dourados.

No trânsito ele descansa
Por isso nunca circula na auto-estrada
Lá ele se perde se aparece uma ambulância
Na cidade ele se esvai,
Quando ouve a sirene dos bombeiros
Sem ar apita como se rimasse um poema.

Neste calor insano ele corre como se fosse Inverno

Enganou-me,
Contou-me o conto do vigário
Vendeu-me a preço de saldo o Inverno.

3 comentários:

platero disse...

lindo

mas a senhora diz muito melhor.
Não duvido

renovo votos de bom NATAL
com um beijo

ethel disse...

Fazes-me o favor de não me chamar mais de senhora? Obrigada, Platero.
Beijos

ethel disse...

Platero, podes-me chamar o que bem te apetecer :-)
Beijos simpáticos :-)