O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Aqui posso enlouquecer continuamente
tenho pássaros e livros que o comprovam
fazer de conta que
não sequer saber se
amar o sol e a chuva no mesmo verso
e sair a correr como um rio que transgride

Aqui o silêncio é capitão e eu marujo
flores e terra sobre a cama
durmo e trabalho o sonho numa peça única de artista

Nesta máquina de escrever deito a cabeça
esqueço ao que vim
tudo é sexto sentido
quando se respira boca a boca as sombras da infância

3 comentários:

platero disse...

Gostei muito
Mais não sei dizer
Como quando vejo o arco-íris
ou o céu estrelado em noite fria

rmf disse...

Que claridade, Platero, que claridade!

Abraço ambos os poetas!

Anónimo disse...

É sempre refrescante e daquela ingenuidade que te faz "sábio", o sabor das nítidas e iluminadas e contrastadas palavras e imagem.
Bem vi o arco íris, bem passei as mãos pelas cores do ardo-íris... e estavas por lá, Platero! Eu vi!

Um abraço aos dois!

Mais um poema de que gostei e que também não quero comentar, para não
acrescentar palavras à claridade e ao que no poema é e está.

Termina com a palavra; "infância", mesmo em sombra ela é o começo...
a infância do mundo...