O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 21 de setembro de 2009

deusa

5 comentários:

antiquíssima disse...

A deusa do "Empecido" de Pascoaes, descida à terra?

Anaedera disse...

Desconheço, mas pode ser, porque não? Para mim é apenas liiiinda!

João de Castro Nunes disse...

Tudo o que é liiindo... é realmente divino! JCN

Luiz Pires dos Reys disse...

Talvez a passagem de Sri Aurobindo (ainda hoje umas das maiores autoridades no estudo e exegese dos Vedas), e que abaixo transcrevo, possa contribuir um pouco para as tão diversas leituras possíveis da imagem aqui publicada por Anaedera:

"Aparentemente, os frutos da oferenda afiguravam-se ser, nos hinos [védicos], de ordem puramente material: vacas, cavalos, ouro, prole, homens, vigor físico, vitória em batalha. Portanto, a dificuldade aqui aumentava. Mas eu já havia descoberto que a vaca védica, animal inexcedivelmente enigmático, não provém de nenhum rebanho terrestre. A palavra 'go' [traduzida vulgarmente por 'vaca'] significa, com efeito, a mesmo tempo, vaca e luz, e num grande número de passagens tem, com toda a evidência, o significado de luz, ainda quando seja a imagem da vaca que sobressaia. Isto é sobremaneira claro quando nos deparamos com as 'vacas do sol' – o gado de Hélios, em Homero – e as 'vacas da aurora'. E a Luz física, interpretada em termos psicológicos, pode muito bem ser usada como símbolo de conhecimento e, muito em especial, de conhecimento divino."

(Sri Aurobindo, "The Secret of Veda" in "The Complete Works of Sri Aurobindo", vol 15, Ed. Sri Aurobindo Ashram, 1998, pág.34.)

João de Castro Nunes disse...

Fazendo caso omisso da "védica vaca", aqui chamada para coisa nenhuma, fico-me pela beleza da vaquinha da estampa, que realmente é muitíssimo liiinda! Faz-me lembrar um dos mais belos "ensaios" do saudoso Dr. Joaquim de Momtezuma de Carvalho sobre a meiga vaquinha galega. Um primor de escrita literaria! Coisas de Poetas... com sensibilidade autenticada, tanto em prosa como em verso!
JCN (indo-europeísta)