O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 23 de agosto de 2009

Tantra ou do Uno-Todo

"[...] No seu melhor, O Tantra é integralismo. Isto é aludido na própria palavra tantra, que, entre outras coisas, significa "continuum".

Este continuum é o que os adeptos iluminados reconhecem como nirvana e o que os mundanos não iluminados experimentam como samsara. Estes não são realidades distintas, opostas. Elas são absolutamente o mesmo Ser, a mesma essência (samarasa). Essa essência apenas aparece diferente a diferentes pessoas por causa das suas predisposições kármicas, as quais são como véus ou filtros mentais que obscurecem a verdade. Para os mundanos comuns, o Uno permanece completamente escondido. Para os buscadores espirituais, parece um objectivo distante, talvez realizável após muitas vidas. Para os iniciados, é um fiável guia interior. Para os sábios que reconheceram o Si / auto-realizados, é o Único que existe, pois eles tornaram-se o Todo"

- Georg Feuerstein, Tantra. The Path of Ecstasy, Boston/London, Shambhala,1998, p.51.

6 comentários:

Anaedera disse...

Tornar-se tudo, é ser sempre!
O despertar, o ritual, a iniciação ou o conhecimento, são aspectos Humanos.
Deus está sempre lá.
Como se, só de Um se tratasse

Anónimo disse...

Gostaria de saber se em Portugal há praticantes iniciados no dzogchen. É possível conciliar o dzogchen com a vida mundana (trabalho e família)? Onde se pode encontrar os mestres?

Paulo Borges disse...

Caro Kunzang Dorje, há em Portugal vários praticantes que receberam iniciações e práticas Dzogchen. Creio que o sentido do Dzogchen é precisamente esse, o de integrar na prática todas as situações e experiências da vida quotidiana. Quanto a mestres, vários dos que vieram e vêm regularmente a Portugal - SS. Dalai Lama, Trulshik Rinpoche, Mingyur Rinpoche, Jigme Rinpoche, Pema Wangyal Rinpoche, para só falar dos que considero absolutamente credíveis - , são mestres de Dzogchen. O que não significa que o ensinem aos discípulos que não fizeram previamente as práticas preliminares do Ngön Dro e outras.

Anónimo disse...

Quem ensina as práticas preliminares? Os mestres credíveis que citou ou professores experientes como os da UBP?

Desculpe a curiosidade ávida...

Paulo Borges disse...

Os mestres, obviamente. Há um grupo de retiro regular que se iniciou em Portugal, orientado por Jigme Khyentse Rinpoche, que tem como objectivo fazer essas práticas regulares. O próximo retiro será de 25 a 27 de Setembro, no Algarve. Em princípio está fechado, mas é sempre possível pedir para entrar.

Anónimo disse...

Grato:)