O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 2 de março de 2009

Luigi Pareyson: Da liberdade como abismo



La libertà è una fessura nella compattezza della realtà, è una breccia, una crepa, una spaccatura nella continuità dell'universo. L'inizio assoluto è il nulla della libertà ed ecco perché è sorpresa, prodigio, suscita stupore; ecco perchè questo nulla ha qualcosa di vertiginoso, è un abisso che suscita angostia, sgomento. La libertà è in questo senso un mistero, che ha un aspetto esaltante e un aspetto opprimente, perché a in se stessa la sua fondamentale ambiguità.

- Luigi Pareyson (1918-1991), Ontologia della libertà. Il male e la sofferenza, Torino, Einaudi, 2000, p.32 [foto obtida na Internet, de autor desconhecido].

7 comentários:

Anónimo disse...

Abismo onde ora saltamos, ora nos ejectamos...

Anónimo disse...

Liberdade, coisa terrível: tudo a cumpre negando-a.

Anónimo disse...

"Cárcere do Ser, não há libertação de ti?"

Anónimo disse...

Fissuras no compacto da realidade só à martelada...

Anónimo disse...

A liberdade tem, pois, essa dupla vertente de exaltação e opressão. Ambiguidade que angustia por ser,ao mesmo tempo, uma possibilidade de abrir o real e a surpresa misteriosa de ser livre mergulho no abismo. Daí a sua afirmação e negação...

Muito bem trazido à reflexão, Luigi Pareyson.

Paulo Borges disse...

Pareyson pretende o que no fundo sabe ser impossível: uma ontologia da liberdade. Pois a liberdade excede o ser e não há discurso lógico possível sobre o que não é, sobre o que é inobjectivável, enquanto experiência pura.

A mesma impossibilidade, creio, de José Marinho, ao pretender elaborar uma ontologia do espírito, que vejo mais da ordem desta liberdade abissal, irredutível às categorias do ontologismo helénico. A qual sinto mais próxima da shunyata indiana e particularmente budista.

Pareyson descobriu no final da vida o abissal Schelling, como dizia Marinho. E também colhe muito de Eckhart.

Anónimo disse...

de caminho, ou serpenteando, será que a liberdade é uma essência 'tão profunda que abdica dos seus lutadores, mesmo os espirituais. a liberdade constrói-se sem luta? não será o contrário da tirania, se aceitarmos contrários?