O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Anunciado

Chamo o anjo guardião
Digo-lhe Ausento-me da tua mira
Sou um sopro de silêncio na sombra
Diz-me Quando luzes não tenho nada a ver

4 comentários:

Anónimo disse...

Luíza, a do deserto,

Não sou o anjo guardião, Luiza,
Mas tu sabes quem sou.
Souberamos sempre sê-lo
e no guardá-lo estendessemos as mãos
Para apanhar o silêncio no seu voo
Quando as luzes cessarem,
mesmo assim nos reconheceremos


Um abraço firmado na rosa do deserto e na amizade.

Luiz Pires dos Reys disse...

Ah, Luiza, essa divina arte de "aforescer" o alúmio das sombras, na mira do voo impossível que nos cabe no lábio do silêncio que uma asa de anjo, roçando as espigas voejantes da seara que em nós haja, aquiesce no parapeito das brisas que sempre afloram entre os dedos de mãos recíprocas ...

luizaDunas disse...

Saudades,
Uma Rosa no Deserto traz-me um sentimento insuperável de perfeita beleza e desaparecimento.

Abraço-te

luizaDunas disse...

Lapdrey,

Uma seara é em mim uma visão do deserto. E a brisa no afago às espigas a paisagem dos Sopros que nos trouxeram em semente.

Muito grata.