O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 23 de novembro de 2008

Ocaso


Não há o princípio não há o fim

do que em mim se levanta com o sol

em tudo arde o fogo de não ter sido

um crisol de luz e pranto um jardim


florido o coração um girassol

com todas as manhãs florescido

um incêndio de nada acontecer

madrugada cristalida a arder


a brisa matutina entardecendo

precipita a manhã no anoitecer

e consuma o tempo já transcorrido


e faz com que, mesmo sem o sabendo,

os seres se aquietem no pesado olvido,

na saudade perene do não-ser

8 comentários:

Anónimo disse...

E com a saudade do não-ser os neognósticos vilipendiam o divino dom do ser...

Pobres almas já em vida atormentadas pelas chamas do inferno!

Anónimo disse...

e sempre a mesma imagem...pobres almas que mais nada sabem ver...toda a razão maria da conceição...

Anónimo disse...

Belo! Abusa do laranja solar. Leva-o até às últimas consequências! Mesmo que afogues o sol no poço do ocaso, ele escapar-se-á sempre na superfície, e o seu sangue espalhar-se-á na paisagem.

Anónimo disse...

Paulo Fetais! Paulo Fetais! Olha só lá para cima, aquela figura dançarina! Afinal a planura do horizonte do ocaso, não era senão o repouso da musa bailarina filha de Apolo. Quando na noite de passagem de ano fechares os olhos, ela virá cobrir-te. Cairá leve como seda sobre o teu corpo. Quando depois abrires os olhos para a abraçares, ela já estará fundida no teu corpoalma, tornando-se a respiração da tua pele. Constatarás quando te dirigires ao espelho, que serás tão resplandecente e espaçoso que identidade e nome, tornar-se-ão um insignificante pormenor. A partir desse momento, muitos virão para te tirar fotografias e nem todos obterão o resultado desejado por causa da "contra luz"!

Anónimo disse...

Aumenta a sensiblidade à exposição, abre o obturador, contrapõe o Iso a 100 ou 50 e reduz a velocidade do disparo para 1/500 ou 1/250... Não sei qual é a máquina enm a lente utilizada. Pela fotografia e pela profundidade de campo acho que é uma compacta... pelo grão, hummm Sony. Deste modo é atenuado o efeito de contraluz, pintando a preto as áreas de baixa luminosidade. Com efeito esta fotografia foi tirada com a velocidade 1/2000, se bem me parece... O efeito excessivo das cores amarelo-laraja-vermelho é causado pela selecção do equilíbrio WB (ou modo côr vívida) normalmente utilizado para disparos com flash, equilibrando os valores de branco/preto do histograma...

Uma opinião, é uma boa fotografia!
Talvez peque na composição, onde o contraluz assume um lugar de destaque. Mas se é essa a intenção do criador, então nada tenho que opininar. É uma boa fotografia para complemento ou destaque de não inferior qualidade do pensar.

Beijinhos de outra Maria para o Paulo Feitais!!

Anónimo disse...

http://eraumavezummegafone.blogspot.com/2008/11/soltar-frnga.html

Anónimo disse...

Eh, Paulo, tens um harém de Marias! Quando for grande quero ser como tu!

Anónimo disse...

Gosto muito dos teus sonetos! São muito bons e superam de longe os outros poemas.