O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 9 de novembro de 2008

9 de Novembro - nascimento


Foi hoje, porque tinha de ser. Um dia de Outono. O Outono nesse dia. A minha mãe sorria do outro lado do vento que levanta as águas que vêm do futuro e chegam aqui.Uma onda que transbordou, e eis-me caída no solo, colo e olhos da minha mãe. Muda. Nascida desse olhar de onde deus nos saúda, agora, no lugar da nossa mesma memória. Mudas, ambas. De alegria nos acendem velas para que ardam estrelas, e nelas se vislumbre o olhar branco de deus, ou o tempo a enrolar-nos as palavras em posição fetal, a quererem olhar e ver o espanto que nos enternece, o livro com muitas páginas para celebrar. Nesse dia, dos olhos da minha mãe nasciam estrelas que se cruzavam no céu com as da Mãe maior. Tantas e tantas vias-lácteas que se cruzam com as minha! Mas acabamos sempre nos braços de quem tem saudades da forma do colo que teve em criança. Acabamos sempre por ficar para ver essa luz que para além das estrelas, das montanhas, do deserto e de nós mesmos nos acolhe em Amor.

P.S E se não acabo isto a tempo... já será futuro o nascimento que é.
Levanto a minha taça e festejo a vida. Estamos sempre a tempo da alegria de nunca ter nascido...


Perdoem-me a mudança de tom em relação ao post anterior, mas... não fui eu quem escolheu o dia de partilhar convosco.... Se a minha mãe soubesse... tinha-me proíbido de ser a professora em que me querem tornar...



12 comentários:

Anónimo disse...

Querida Saudades

não é tanto o post, como o que nele revelas, que me pinta como um dia a propósito de versos teus te disse, de luz. O que anuncias e compartilhas pinta-me o corpo de luz e sou vela e estrela, sou Lua branca envolta numa bruma adamantina para te celebrar, para te cantar. Querida irmã, neste dia em que nasces celebro a festa de 2 primas. Que entusiasmo: és, até no tempo, da família! E desejo-te dias de felicidade e comoção, com a beleza, o bem, o amor e a poesia, onde para além da música consagras a tua alma à palavra que nasce no rumor dos bosques sagrados. Que a vida neles sempre te acolha como sua eleita filha. Um abraço fundo, fundo.

rmf disse...

Em relação ao P.S. (post scriptum)... poderia ter comentado o post anterior, mas a luz chegou deste com a forma de "ai se a minha mãe soubesse".
Querida Saudades, eu diria, permitindo-me apropriar das suas palavras parafrasendo-as... "Se a minha soubesse, tinha-me proíbido de ser o professor que nunca cheguei a ser..."
Manifesta falta de sorte?
Humm, não acredito nessas coisas :)
A todos os que exercem a profissão, coragem!
Percebo-vos, sem nunca ter percebido, porque não me deixaram sequer perceber...

concursos... concursos... ainda me dou a esses dramas... bahg!

Um abraço Saudades!

Paulo Feitais disse...

Saudades!
E levanto a minha taça bem alto para receber a Luz gráalica que te trouxe a esta vida, vinda do Futuro.
Que possas sempre ter o conforto dessa Luz, que da tua entrega à vida e ao que nela é maior possam frutificar muitas almas, em Amor e Saudade.
E que sempre a Beleza te acompanhe, em cada estação da vida, sempre a Beleza te enlace e te resguarde.
beijo e saudade
:)

Paulo Borges disse...

Saudades, há nascimentos que nunca se dão porque são eternos, como o da poesia em si e de si na poesia! A eles e ao seu ergo a minha taça transbordante disso para além do qual nada mais há!

Saúde!

platero disse...

miuda

um grande, imenso, emerso beijo de parabens
Podias ter convidado a tomar um copo....

Ana Moreira disse...

Cara Maria das Saudades do Futuro,
Na brevidade do instante, a eternidade acena milhares, milhões, de possibilidades. Que o Amor que aqui te trouxe, que te chamou, para sempre se cumpra.
Obrigada pela dádiva da tua poesia.

Há uma palavra em italiano que eu amo pois é fecunda de significados. Augurio.
Por isso levanto a minha melhor taça e pronuncio-a, desejando-te...Tanti Auguri!

luizaDunas disse...

É com grande emoção que eu revejo a viagem no Veleiro de Cristal. Porque fui eu dar a tais mares gelados "naquele dia"?
Parece espantoso, mas não é.

Abraço-te a sorrir

Anónimo disse...

Queridos amigos,

Vim para agradecer, no sentido mais amplo possível do termo.A todos os que sentem, sabem e pressentem ou intuem que a vida que vivemos é um sono e um sonho. Por certo um encontro, mas sobretudo um regresso.

À Isabel,

São tantas as "poisagens", as "pousagens" em que nos acompanhámos, que as pedras já terão atirado para a corrente o reflexo das nossas almas. Vejo-as daqui, da casa das gaivotas, onde nascem as borboletas dos dedos de Gabriela e os Flamingos são criaturas orantes e luzentes...
Feliz coincidência de aniversários... recebe o meu carinho.
Saudades,

Vergílio,

Não creio que nesse caso tenha havido falta de sorte...Talvez para os possíveis alunos...
Terá que haver mais vida para além da "escola",para os professores, mas se não houver na escola vida,como poderão os alunos compreender a dimensão desta e para além dela?

Grata pela força

Paulo Feitais,

Sobre o seu post: são almas como a sua que a escola precisa. Mas como compreender e aceitar a ironia e o absurdo desta hipoteca dos melhores espíritos desta geração aos "vendilhões de almas" que nos desgovernam?
Brindo consigo e levanto o meu cálice para que o seu derrame sobre o meu a luz que está nele.
Que a luz, a beleza e o bem o acompanhe.
Abraço
Saudades, há nascimentos que nunca se dão porque são eternos, como o da poesia em si e de si na poesia! A eles e ao seu ergo a minha taça transbordante disso para além do qual nada mais há!

Paulo Borges,

Para além do qual nada mais há, sempre transborda em plenitude. A poesia escuta e medeia esse encontro, abre possibilidades ao ser; afasta para aproximar, e quando pensamos que estamos próximos, a nossa voz é muda. E quando pensamos que estamos longe, a nossa voz nos devolve à memória a origem.

Grata pelo encontro.

Anónimo disse...

Pois vou continuar a agradecer...

Platero,

Irmão de sul"idades", de roseirais e de sorrisos. Pois que o meu copo também estava cheio de ti, do que nos fomos e somos...
Pode não fazer o efeito do líquido báquico, mas enleva-nos e eleva-nos durante mais tempo.
P.S. (Não, não é tântrico é mesmo uma bebida espiritual...)

Ana Moreira,

No seu silêncio cheio de falas próximas, na sua presença tão intensa quando vem à fala, só posso encontrar motivo de júbilo...
Ainda por cima a brindar na língua dos meus antepassados...

Um muitíssimo obrigada,
Saudades

Luíza,

Daqui, da casa das gaivotas, (já trouxe para aqui a janela virtual... depois conto o que aconteceu...) te saúdo e brindo a coincidência de nos termos encontrado, não no deserto, mas no gelado mar que atravessou em "veleiro de cristal"..."Parece espantoso, mas não é."

Um abraço

Semente disse...

Saudades,

Atrasada, chego sem hora à hora marcada que escolheste para resurgir.

Brindo atrás de todos, depois de todos. Mas brindo a ti.
A ti desse dia, a ti de hoje, a ti de sempre e de antes de tu seres o tu que escolheste ser.

Bendita Mãe que te sorriu.
Bendita Tu que lhe sorriste e te surgiste.

E assim, és!
Que sempre a Alegria, o Amor e a Paz te habitem e te iluminem.
Tu que és Saudades és muito, és TUDO.

Essa beleza que és, és TU!
Feliz dia de Aniversário, Saudades!

Acrescentar só uma pequena nota minha: que engraçado! somos do mesmo mês! E eu sei, eu sei que não há coincidências!

Beijos enormes e muitas, muitas Saudades*

Anónimo disse...

Sereia,

Também chego atrasada à resposta...só agora vi e ouvi os teus votos. Foi uma canção de mar. Gostei tanto de teres vindo à superfície com tantas palavras boas que recebo e não mereço. Devolvo-as ao mar, de onde saíste e para onde regressas.Leva-lhe saudades minhas. Ele sabe que nascemos no mês das cinzas de um qualquer fogo...

Um muito obrigada, do coração
Saudades,

Anónimo disse...

Silencio-me com tamanha Grandeza... Que todos os Dias sejam de Luz...