O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A quem devemos estar mais gratos? A quem nos elogia ou a quem nos critica ou insulta?

E obvio que ha algo de construtivo na critica que visa edificar, chamar a atencao de certos pontos para que estes possam ser melhorados.

Mas havera algo de libertador no insulto? Por detras do seu aspecto desagradavel, nao havera um "koan" que nos obriga a estarmos mais presentes no aqui e agora?

3 comentários:

Anónimo disse...

Libertador, muitas vezes. Nunca sentiu um alívio quando alguém lhe disse as coisas nos olhos com toda a franqueza? Criticas directas, mesmo. Claro que esta forma directa de expressão é muito ocidental. Apesar de tudo, uma das coisas que tenho aprendido com os orientais é a arte de não dizer explicitamente "não", visto que o "não" também pode representar uma separação, um corte no livre fluxo das coisas com gosto de esmagamento. Mas creio que há momentos certos para tudo e há também espaço para uma inimizade saudável e libertadora. Ou deveria haver!

Segundo Nietzsche, a inimizade pode proporcionar a auto-superação. Sempre que os opostos se chocam, há um estalar de espadas que cria energia. Por vezes, creio que o que é belo é concentrar-nos nesse som das espadas que se tocam, mais que na oposição que o outro parece representar. Só deste modo podemos dizer que ganhar ou perder tudo é……………….( talvez por estes lados não gostem muito de desporto! Completem ao vosso modo).

Unknown disse...

Ao Amor, que a Todos cria.
;P

Beijo.

Paulo Borges disse...

Cara Ana e caro anónimo que adivinho anónima, boas e oportunas palavras! Tudo nos ensina: às vezes mais o insulto e a crítica, é verdade... mas também o elogio, se estivermos disponíveis para não ficarmos presos a ele e reconhecermos a vaidade com que nos deleita... Se estivermos livres do elogio e da crítica, se estivermos livres da percepção subjectiva das coisas, se estivermos livres de nós, poderemos vislumbrar que todas as palavras, em última instância, são mero som, eco insubstancial.
Tudo acontece: dizer que nos acontece é uma atormentadora forma de arrogância.