O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 23 de setembro de 2008

Primeiro que tudo

“Primeiro que tudo surgiu o Caos, e depois Gaia (Terra) de amplo peito, para sempre firme alicerce de todas as coisas, e o brumoso Tártaro num recesso da terra de largos caminhos, e Eros, o mais belo entre os deuses imortais, que amolece os membros e, no peito de todos os deuses e de todos os homens, domina o espírito e a vontade ponderada” – Hesíodo, Teogonia, 116-122.

6 comentários:

Anónimo disse...

"Protista káos génet": "Primeiro veio o caos a ser..." - Haverá algo antes ou o princípio de tudo é um puro vir a ser, não um ente mas uma origem, uma fonte?...

rmf disse...

Entropia... que explica basicamente o facto de o equilíbrio só ser possível quando ao sistema referenciado se fornece energia. O grau de entropia mostra-nos que ao promover esse equilíbrio está-se, inevitavelmente, a promover o caos num outro ponto do sistema do espaço-tempo.

Mas a pergunta, seja talvez a mais antiga de todas... a par com outra, porque razão Deus criou Adão? Esta bem mais divergente...

A teoria do caos é actualmente utilizada para explicar sistemas improváveis e caóticos. A geometria dos fractais é um exemplo disso. Ou seja, uma pesquisa matemática utilizada para explicar uma probabilidade, que, é bom que não esqueçamos... é pura convençao do Homem, (acontecimento certo =1, acontecimento impossível=0) criada para chamar as coisas pelos nomes... criada para tentar prever o imprevisível.

Não sei, se me fiz entender...
Qual a probabilidade de se gelar água ao lume?
Qual a probabilidade de subir para baixo e descer para cima?
Qual a probabilidade do vazio?
Qual a probalidade de se lançar uma seta sem que esta chegue ao alvo?
Qual a probalidade da criação?
Qual a probalidade de se fotografar um trovão?

Quanto ao resto, direi que... No início, todo o Verbo recria o que afirma, talvez tudo existisse sempre assim... só.

Paulo, obrigado pelas palavras ao "relâmpago"!

Um abraço fraterno

Deixo uma dúvida...
O que há no antes de nada?
(Energia? ou antimatéria?)
... fiquei com a cabeça a arder :)

Ana Moreira disse...

Eu diria mesmo que todo equilíbrio tende para o Caos primordial! Este Caos jamais será desordem... Avé Hesíodo!

Anónimo disse...

primeiro que TUDO, o Nada que faz de todos os pequenos nadas tudo aquilo que são?
se o mito é o nada que é tudo..se perante esta única realidade, que é o mistério..porque HÁ qualquer coisa.

Anónimo disse...

Primeiro que tudo é o sem nós de nós, rostos do caos que os não tem e por isso a todos assume!

Anónimo disse...

Como em todas as histórias que contam a origem, é para ela que remetem. É nela que a saudade renasce, e se dá o reencontro e o reconhecimento, o verdadeiro nascimento. O resto... é do domínio dos deuses, a fitarem, sorridentes, a catarse da nossa alma.
Para além da Origem, dentro dela e fora dela, nada há. Nela tudo é morte e vida. Eros sabia-o.