O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 4 de maio de 2008


(Título da fotografia: Anjo sem asae)

Se voares

tudo não voa contigo

para que voar seja a tua amálgama de tudo

a tentar conquistar o sol

e a treva que dardeja do interior do mundo de fora

promete-te

a frescura das ervas à sombra da elevação estival

da música de depois nos interstícios do canto das cigarras

e na queda

as asas do anjo

rasgarão as dimensões sem nome

de seres o gume e a carne em flor

e outra vez de novo

a verdade é espuma e vento

ossatura de não estares aqui

6 comentários:

Anónimo disse...

Que somos senão a robusta ossatura da nossa ausência ?

Isabel Santiago disse...

Olá Paulo,

quero umas asas de anjo que rasgam o que não tem nome...!
Fico à espera de mais anjos. Com ou sem asae, com ou sem asas. Sorrisos.

Anónimo disse...

Vim da nova águia aqui parar, e em boa hora!

Ana Margarida Esteves disse...

Que todos os anjos caídos da Terra finalmente levantem voo:-)!

Anónimo disse...

Sim, especialmente os que da Terra caíram no Céu !...

Anónimo disse...

Há limites? Voar para onde? *