O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 12 de maio de 2008

Ophyussae

sou um livro pendurado em ti.

uma leitura cada vez mais simples.
um espaço sem dimensão.


uno. sensível.

e abro-me por ti
na imensidão do amanhecer
infinito.



in Nova Águia

29 comentários:

Ana Moreira disse...

Esse amanhecer é magnético e cintilante como o poço fundo de determinados olhares. Velocidade luz!

Isabel Santiago disse...

Difícil. Belo. Belo e difícil. Como em Platão. Será por causa da luz?

Anónimo disse...

A rainha das Serpentes
Essa terra que Ulisses
leva no olhar
Despido de ilusão
De Luso ser
E vem escrever o mar
Num livro infinito
Partitura aberta
em cima dum piano de estrelas.
Navegar para o alto
Assim comanda o vento.

Anónimo disse...

Alguém sabe o que é "Ophyussae" ? Eu sei, mas não digo.

Anónimo disse...

Eu também sinto, mas não digo.

Anónimo disse...

Eu também sei e sinto mas não digo!

Anónimo disse...

Vá lá, não sejam mauzinhos, expliquem às pessoas de onde vem e em que consiste esta loucura chamada Portugal !... Porque às vezes convém explicar e nomear as coisas, até onde é possível...

Jay Dee disse...

Enquanto fores uno sensível, a coisa não vai mal.
*

Anónimo disse...

Como só sei de cor, vou parafrasear:

-Ophyussae! Ophyussae! A Terra das Serpentes! A lenda ... O mito... eram verdadeiros! ...Lisboa dorme sobre uma grande serpente, enroscada em sete colinas!... A rainha Serpente! A Imperatriz Serpente! A serpente-oceano que trespassa mundos e seres que o não são! A alma oculta de Portugal e do Cosmos... O dragão do nosso escudo! O próprio espírito...

in "Línguas de Fogo" Paixão, Morte e Iluminação de Agostinho da Silva
de Paulo Borges

Anónimo disse...

"Uma tradição diz que Lisboa é a Serpente, rainha de Ophyussae, a Terra das Serpentes, petrificada ao ver partir o seu amante Ulisses... Assim teriam nascido as sete colinas sagradas..."

Paulo Borges
in Serpente Emplumada

Conceição disse...

muito bonito.

Anónimo disse...

Só falta dizer que a primeira referência a Ophyussae vem na "Ora Marítima", de Avieno... Aí também se diz (cito de memória) que o litoral atlântico da península foi invadido por serpentes vindas do mar: daí o nome que, em grego, quer dizer "Terra das Serpentes"... A mesma obra refere tribos que aqui viveriam com nomes como Draganes e Saefes, Dragões e Serpentes... Dalila Pereira da Costa escreve sobre isso em "Da Serpente à Imaculada".

Mas a Serpente anda adormecida: quem a vem Despertar !?... E quem suportará o seu Despertar ?

Anónimo disse...

É só rir... só rir...

Anónimo disse...

De que te ris tu?
Do espanto, enquanto és violentamente engolida pela Grande Serpente e putrefacta vomitada numa lixeira?

Anónimo disse...

Que comentário estranhíssimo! Podes especificar?

Anónimo disse...

Rio desta malta toda aqui a exibir a sua erudição e assim a reforçar o seu ago ainda mais, quando o propósito deste blogue é exactamente estimular a sua dissolução.

Anónimo disse...

Caríssimos(as),

o poema vale o que vale, assim como os comentários, e foi postado não por questões de erudição ou dissolução da mesma.
Poderá ser até um poema-post(a) de pescada. Não me compete avaliá-lo. É apenas uma homenagem que julgo que se enquadra no espírito do blogue, no qual tenho liberdade de escrita.
Sem me querer justificar exponho o propósito.

Anónimo disse...

Finalmente este blogue volta à sua boa vocação polémico-provocatória !... A Serpente andava um pouco adormecida...

Anónimo disse...

"comentário estranhíssimo", porquê?
Pensas que te dissolves e não voltas à lixeira?

Anónimo disse...

Do lixo se faz luxo !

Anónimo disse...

Mas tiveste que "trabalhar" muito para seres "luxo", certo?

Anónimo disse...

Não sei... O lixo, visto sem conceitos, já é luxo.

Anónimo disse...

E como é que consegues ver sem conceitos, sem etiquetas, completamente livre da visão dualista?

Anónimo disse...

Vendo.

Anónimo disse...

Não me convenceste mas, pronto! E ponto. Que não é final, assim tu o queiras...
E, ainda assim, aceito a tua resposta...

Anónimo disse...

Não con-venço. Só vejo. Se quiseres, não vendo. Porque nesta visão não há isto e aquilo, quem vê, o que vê e visão. Como na fusão amorosa. Deves saber do que falo, se és abismada.

Anónimo disse...

Naturalmente. Assim, sim ... estava a ver que não te explicavas!

Anónimo disse...

Isto não é para explicar e sim para vivenciar. E tu: abismas-te mesmo ? Como fazes ?

Anónimo disse...

Bolas, apanhaste-me! Falo contigo depois... agora, não tenho tempo!