O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 5 de maio de 2008

Noiva perdida...

Noiva perdida antes de te haver conhecido na distância infindável, que só vens quando não mais te espero, como nesta noite que fulgura por entre estrelas pálidas na foz do Douro antigo como tudo o que separa e une todos os amantes... (Porto,10.10.2007).

4 comentários:

Anónimo disse...

A Noiva eterna
Vive nos olhos do amante
Como a luz acesa na casa
As janelas da alma
sentem a sua chegada.
Sem se anunciar
a Noiva eterna vive
Revê-la no seu esplendor
é sabê-la perdida
No som que a flauta espalha
na clara suavidade do ar.
A noiva eterna chega
quando o coração
está pronto para a receber.

Ana Margarida Esteves disse...

Sera a noiva eterna a Anima de Jung?

E o Animus o noivo eterno?

O que vislumbramos nas profundas e efemeras trocas de olhares entre desconhecidos que por um momento eterno se desejam?

luizaDunas disse...

Paulo,

Li-te pela manhã,
a Noiva Perdida lembrou-me a Sempre Noiva que em tempos um eterno noivo me dedicou, em flor. Sorri desejos e destinos.
Pensei juntar-lhes os campos, na sonoridade Matinal prolongada do entardecer, e lá fui cheia de graça; descalcei-me à terra dourada e descubri-me ao sol. Peregrinei à roseira e agora sento-me à distância do olhar próximo onde a água se ouve cair para um poço, ao lado dos loureiros. No canto junto ao palhal, observa-me uma Sempre Noiva. Sinto todas as tensões e des.contraio, improviso respirações e elevo-me no sentido de leveza. Os grilos aqui de perto sossegam o coro, retomam o fôlego; mais para baixo outros recomeçam num outro tom, ganham terreno e vozes e de novo aqui. O sol assiste com a brisa à cadência da luminosidade, da temperatura, do estremecer da terra.
E revejo-me no sorriso ao ler a Noiva Perdida. Que bonito. E a vê-la Sempre.

Paulo Borges disse...

Luiza, li-te pela noite e agradeço a beleza do teu texto que vejo e desejo a embalar e realizar os sonhos de todos os Noivos.