O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 20 de abril de 2008


quem vem lá?

7 comentários:

Anónimo disse...

What are those pills?

Gateways to the Interzone?

Anónimo disse...

Sempre que percorro o corpo da Serpente, fico mudo perante esta imagem... Não consigo perceber porque não a consigo comentar. Volto atrás, volto há imagem e... nada. É intensa, forte, assustadora,conventual, pesada, densa, atractiva, repulsiva...compulsiva. É uma imagem do interior de uma mente...
prisioneira? opressiva e libertadora?
Perco-me nessa imgem. Assusto-me...
Por certo voltarei a ela.

luizaDunas disse...

BonDia Obscuro,

Partilho o teu sentimento em face desta imagem. Para mim deriva essencialmente da expressão que a Joana juntou: quem vem lá?
(Não é um simples "quem é"?)
Enche-me de anseios e segredos.

Anónimo disse...

Cara Luiza,

Tem razão. A frase «Quem vem lá?» está gravada no nosso imaginário colectivo. As avós dizem: «Quem vem lá?» perante um ruído desconhecido, uma voz que se aproxima... Uma fala trágica e arrepiante de uma cena, pronunciada numa voz grave: «Quem vem lá?»...
Agora que voltei à imagem reparei
melhor na sombra da parede do lado direito da foto. Está lá a sombra de um braço que termina na portada que abre e fecha aquela grade pesada de onde não vem nenhuma luz...Ai que arrepio - «Quem vem lá?» Não é medo, não...

luizaDunas disse...

Obscuro,

... eu diria que é também um tom que desperta e apruma: identifica-te! quem és tu?! porque vieste a esta morada? que queres?

Uma reflexão que nos poderíamos prescrever em cada sítio a que nos dirigíssemos momentos antes de bater à porta...

Anónimo disse...

Cara Luíza,
Agora que falou nisso, também noto esse tom, de alguma altivez e "aprumo", é a palavra certa...

... mas poderia perfeitamente ser uma expressão de romance queiroziano pronunciada por uma personagem que, assustada pelo inusitado do gesto e pela surpresa de ser achada num lugar ermo e solitário,se achasse desconfortável com a visita inesperada...

Concordo em absoluto com a sua última consideração. Não sabemos nunca quando, mesmo que sejamos íntimos da pessoa da casa, ou do lugar onde batemos,até que ponto a nossa visita irá perturbar a paz de quem lá está. É uma boa prescrição.
Existe outra expressão semelhante pronunciada por quem está do lado de fora: «quem mora lá?», pelos mesmos motivos me causa uma sensação semelhante...
Mas a imagem, penso, tem um peso fundamental na nossa "aflição".
Boa Noite.

JoanaRSSousa disse...

o medo
do desconhecido, da novidade...
quem é?
quem vem?
ao que vem?