O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Os Amores do Redentor

"Três caminhavam sempre com o Mestre: Maria, sua mãe, a irmã de sua mãe e Myriam de Magdala que é como a sua companheira (koïnonos) pois Myriam é para ele uma irmã, uma mãe e uma esposa (koïnonos)" [Evangelho de Filipe, 32].
A palavra koïnonos, em grego como em copta, faz referência ao coito, quer a traduzamos por "noiva", "companheira" ou "esposa". Neste texto, Myriam aparece como aquela que partilha o "coito" com o Mestre. O texto precisa igualmente que Myriam não é somente isso, ela é também como uma irmã e uma mãe para Yeshoua"

- Jean-Yves Leloup, "Tout est pur pour celui qui est pur". Jésus, Marie-Madeleine et l'Incarnation, Paris, Albin Michel, 2005, pp.16-17.

Samaritana

Dos amores do Redentor
Não reza a História Sagrada
Mas diz uma lenda encantada
Que o bom Jesus sofreu de amor

Sofreu consigo e calou
Sua paixão divinal
Assim como qualquer mortal
Que um dia de amor palpitou

Samaritana plebeia de Cicár
Alguém espreitando te viu Jesus beijar
De tarde, quando foste encontrá-Lo só
Morto de sede junto à fonte de Jacob

E tu serena acolheste
O beijo que te encantou
Serena empalideceste
E Jesus Cristo corou

Corou por ver quanta luz
Irradiava da tua fronte
Quando disseste - Oh Meu Jesus
Que bem eu fiz Senhor em vir à fonte !

Fado de Coimbra - Letra e música: Edmundo Bettencourt

5 comentários:

Anónimo disse...

Blasphemy, blasphemy, blasphemy!!!!! You are now alluding that Jesus Christ out Lord and Savior was married????? He is our Divine Savior, therefore not made for marriage!!!!! And you are alluding that he engaged in marital intercourse for other purposes than that of procreation? Or maybe you are alluding to something even worse: That he engaged in fornication!!!!!

I never ever managed to really listen through those unpalatable ballads of yours, the Fado, which seems to speak of little more than adultery, fornication, madness and melancholy, which is the mood of the devil...

Really, Fado predicted the infection of Portuguese society by decadent European customs ...

My lovely wife Susan and I are seriously thinking about following the advice of a good friend of ours and finish our days in the Turkish coast ... Maybe we'll even manage to save a soul or two from the evils of Sufism ...

... But I heard that there's an evil sect over there that worships a depraved poet called Rumi ... Is that true?

Anónimo disse...

Eu não sou...

“Eu não sou nem cristão nem judeu, nem parse nem muçulmano.
Eu não sou nem do Oriente nem do Ocidente, nem da terra nem do mar.
Eu não sou nem da natureza nem dos céus envolventes;
Eu não sou nem da terra nem da água, nem do ar nem do fogo;
Eu não sou nem do empíreo nem da poeira, nem da existência nem da entidade.
Eu não sou da Índia nem da China, nem dos Búlgaros nem de Saqsin
Eu não sou nem do reino do Iraque, nem da terra de Khurasan.
Eu não sou nem deste mundo nem do outro, nem do Paraíso nem do Inferno.
Eu não sou nem de Adão nem de Eva, nem do Éden nem de Rizwan.
O meu lugar é a ausência de lugar, o meu rasto é a ausência de rasto.
Eu não sou nem corpo nem alma, porque pertenço à alma do Bem-Amado.
Eu libertei-me da dualidade, eu vi que os dois mundos são um só;
Eu busco o Uno, conheço o Uno, vejo o Uno, chamo o Uno.
Ele é o primeiro, Ele é o último, Ele é o exterior, Ele é o interior.
Eu não conheço ninguém a não ser Ele.
Eu estou intoxicado pela taça do amor; os dois mundos
passaram fora da minha vista.
Nada mais tenho a fazer, se não festejar e alegrar-me.
Se passei na minha vida um só instante sem ti,
Toda a vida me arrependo desse tempo e dessa hora.
Se mereço passar neste mundo um só instante contigo,
Eu calcarei com os pés esses dois mundos, dançarei triunfalmente para sempre.”

- Jalâloddîn Rûmî

(Sorry for my broken English, Rev. Robert H. Levermore...)

Anónimo disse...

É curiosa a convergência do Evangelho apócrifo e do nosso bem conhecido fado de Coimbra, apesar deste romantizar um pouco os "amores do Redentor"... Vejo Cristo, enquanto plenamente humano e divino, a viver plenamente a experiência amorosa, erótica e sexual, humano-divina, mas não o vejo necessariamente a sofrer de amor no sentido em que nós sofremos, com angústias e dramas emocionais... De qualquer modo uma simples letra de fado recorda o que vinte e um séculos de história tentaram fazer esquecer !

Anónimo disse...

O que não é curioso, porque é moda e já nada espanta, é que este blogue esteja a entrar na onda das fantasias do "Código da Vinci" !... Como o sexo hoje é tudo, Cristo também teve de o praticar...

Anónimo disse...

Then methought the air grew denser, perfumed from an unseen censer
Swung by Seraphim whose footfalls tinkled on the tufted floor.
"Wretch," I cried, "thy God hath lent thee - by these angels he hath sent thee
Respite — respite and nepenthe, from thy memories of Lenore
Quaff, oh quaff this kind nepenthe and forget this lost Lenore!"
Quoth the Raven, "Nevermore."

"Prophet!" said I, "thing of evil! — prophet still, if bird or devil! —
Whether Tempter sent, or whether tempest tossed thee here ashore,
Desolate yet all undaunted, on this desert land enchanted —
On this home by horror haunted— tell me truly, I implore —
Is there - is there balm in Gilead? — tell me — tell me, I implore!"
Quoth the Raven, "Nevermore."

"Prophet!" said I, "thing of evil - prophet still, if bird or devil!
By that Heaven that bends above us - by that God we both adore -
Tell this soul with sorrow laden if, within the distant Aidenn,
It shall clasp a sainted maiden whom the angels name Lenore -
Clasp a rare and radiant maiden whom the angels name Lenore."
Quoth the Raven, "Nevermore."

"Be that word our sign in parting, bird or fiend," I shrieked, upstarting —
"Get thee back into the tempest and the Night's Plutonian shore!
Leave no black plume as a token of that lie thy soul hath spoken!
Leave my loneliness unbroken!— quit the bust above my door!
Take thy beak from out my heart, and take thy form from off my door!"
Quoth the Raven, "Nevermore."

And the Raven, never flitting, still is sitting, still is sitting
On the pallid bust of Pallas just above my chamber door;
And his eyes have all the seeming of a demon's that is dreaming,
And the lamplight o'er him streaming throws his shadow on the floor;
And my soul from out that shadow that lies floating on the floor
Shall be lifted — nevermore!