O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Calecut à vista

«O estudo do pensamento filosófico e religioso do hinduismo e do helenismo arianizado é somente um primeiro estádio que, através de formas aculturadas, nos permite alcançar a fonte primeira e autêntica de todos os nossos conceitos religiosos e místicos: ou seja, o shivaismo dionisíaco, que contempla a possibilidade de um homem total em relação com o Ser total, através das técnias de yoga, das artes, da dança, do êxtase, permitindo atingir formas de conhecimento que ultrapassam o racionalismo e a lógica baseada na experiência ilusória dos sentidos; permite chegar a uma intuição da natureza profunda do mundo e do divino em âmbitos onde o pensamento, a matéria e a percepção nos aparecem segundo aquilo que são: formas de energia, inseparáveis umas das outras.» (A.Daniélou, Mitos e Deuses da Índia)

«As ideias de ritmo e de dança vêm-nos naturalmente à memória quando procuramos imaginar o fluxo de energia que percorre os padrões que constituem o mundo das partículas. A física moderna mostrou-nos que o movimento e o ritmo são propriedades essenciais da matéria – que toda a matéria, quer aqui na Terra, quer no espaço sideral, está envolvida numa contínua dança cósmica. Os místicos orientais têm uma visão dinâmica do universo, semelhante à da física moderna; consequentemente, não é de surpreender que também eles tenham utilizado a imagem da dança para comunicar a intuição que tinham da natureza.» (Fritjof Capra, O Tao da Física)

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